

Por: Correio Braziliense
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) declara que não pretende se vacinar, dando um péssimo sinal à população, o ministro da Economia, Paulo Guedes, em Washington, tenta convencer investidores estrangeiros de que o país está comprometido com o combate à pandemia provocada pela Covid-19. O tema é uma das principais preocupações entre os participantes do evento anual do Fundo Monetário Internacional (FMI), que ocorre nesta semana na capital dos Estados Unidos.
“A nossa prioridade e maior preocupação é a vacinação”, disse Guedes, nesta quarta-feira (13), durante entrevista concedida ao canal do Atlantic Council, um think tank norte-americano de relações internacionais fundado em 1961 e voltado para assuntos das Américas em torno do Oceano Atlântico. Ele tentou mostrar um Brasil diferente do que Bolsonaro vem defendendo aos seguidores mais fanáticos. O chefe da Economia ainda reforçou que a vacina “é a prioridade número um” do governo e pediu que investidores confiem no país.
“A primeira mensagem que venho trazer do Brasil é que vacinamos 93% da população adulta com uma dose (de vacina) e 60% estão totalmente imunizados ou com duas doses. Estamos experimentando o retorno seguro ao trabalho”, disse o ministro, criticando as ruas desertas na capital dos EUA. “Daqui a dois meses vamos ter toda a população vacinada e vamos começar a vacinar nossos vizinhos”, emendou. Conforme dados oficiais, o país vacinou 100 milhões de brasileiros.
De acordo com Guedes, a segunda prioridade é reduzir a desigualdade e a terceira preocupação do governo —apesar de o presidente não defender da mesma forma — são as mudanças climáticas. “Todo mundo está preocupado com isso, porque calamidades estão acontecendo agora. Está chovendo muito pouco no Brasil e (o preço da) energia está ficando cara, porque utilizamos muito a matriz hidrelétrica”, disse.
Em relação ao combate à pobreza como uma forma de reduzir a desigualdade, o ministro voltou a defender transferências diretas aos mais necessitados e, nesse sentido, citou o pai do liberalismo, o economista Milton Friedman, e contou a experiência do auxílio emergencial concedido por meios digitais para 68 milhões de brasileiros no ano passado. “O Milton dizia que se você quer ajudar os pobres, não deve criar um monte de instituições”, afirmou. Contudo, Guedes não comentou sobre o Auxílio Brasil, programa de assistência social que deveria substituir o Bolsa Família, mas não encontra espaço fiscal no Orçamento de 2022.
Críticas ao FMI
Durante a entrevista de 30 minutos, o ministro voltou a criticar as projeções do FMI sobre o Brasil, que reduziu de 1,9% para 1,5% a previsão de crescimento do PIB brasileiro em 2022. “Eles erraram antes e vão errar de novo”, afirmou. Ele lembrou que, em 2020, o Fundo previa queda de 9,7% no PIB brasileiro e a retração ficou em 4,1%, segundo ele, “em patamares parecidos com o de economias avançadas”. Para este ano, o FMI reduziu de 5,3% para 5,2% a previsão de crescimento do Brasil.
De acordo com o ministro, o governo está conseguindo avançar na agenda de reformas, de abertura comercial e de privatizações, apesar de não ter conseguido cumprir a promessa de arrecadar R$ 1 trilhão com privatizações. “Acredito que até o fim deste ano teremos a reforma tributária aprovada. Eu acho que teremos a confirmação de dua
importante privatização, a dos Correios e da Eletrobras”, disse Guedes, ao ser questionado sobre as perspectivas dessa agenda.
Ele voltou a afirmar que o Brasil vai surpreender e minimizar os ruídos políticos devido às declarações polêmicas de Bolsonaro e, segundo Guedes, o governo continuará atuando dentro das regras democráticas. “A democracia brasileira vai continuar surpreendendo. Há muitos ruídos”, disse. “Todas as instituições estão funcionando. As eleições vão ocorrer”, garantiu.
O ministro também minimizou os riscos fiscais e voltou a dar dados de queda nas despesas em relação ao PIB que estão inflados com perspectivas otimistas do governo, que prevê crescimento de 2,5% no ano que vem e inflação bem abaixo do que as projeções atuais do mercado. Ele disse que já não descarta um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) perto de dois dígitos no fim deste ano e, no ano que vem, próximo ou acima do teto da meta de 5%.
O ministro evitou comentar os dados de desemprego no país, que continuam acima de 14%, e voltou a citar apenas os números do mercado formal computados pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que vem sendo favorecido pelo Benefício de Preservação de Emprego e Renda (Bem) que ajudou a preservar 11 milhões de vagas no ano passado. Porém, o benefício foi prorrogado em abril deste ano, mas por apenas mais quatro meses
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